É sabido que por mais que o sistema educativo faça, existe um papel fundamental da família, ou do núcleo familiar, na estabilidade emocional e psicológica das nossas crianças. Sem esta estabilidade torna-se mais difícil o processo de aprendizagem, de construção cognitiva e mesmo de percepção do mundo complexo que os rodeia. Esta barreira socioeconómica acentua ainda a simplificação de temas complexos numa fase mais adulta reforçando processos acríticos de debate ou de compreensão da realidade. Ou seja, um bom sistema educativo (seja ele qual for) definhará sem um estável e próspero tecido económico e social das famílias e dos seus membros.

Sem esta capacidade de independência, segurança, resiliência e relativa liberdade económica, dentro de um Estado social forte e eficaz, que não simboliza chavões de mais ou menos Estado, será praticamente impossível criar gerações diferenciadas de cidadãos e cidadãs pois estaremos a perpetuar modelos económicos e sociais baseados na escassez.

Digo isto porque ao contrário do que se apregoa, também politicamente, não vivemos num período de escassez (em sentido lato), mas sim de abundância. O que escasseia é a capacidade de projectar um novo modelo económico que não viva meramente do consumismo e que coloque o bem-estar Humano e sua existência ecológica em primeiro lugar.

E uma medida de transição para um sistema económico e social mais justo alicerça-se na gradual implementação de um Rendimento Básico Incondicional. Aliás no documentário RBI: Um caminho de liberdade, que realizei no ano passado e disponível em www.rbidoc.com, existe um episódio que fala especificamente dos efeitos da atribuição de um rendimento básico a todos os cidadãos e o seu impacto na Educação institucional mas sobretudo pessoal.

Texto: Francisco Guerreiro 

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